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Tão útil como a roda



Pense rápido: que invenção, quase tão antiga como a invenção da roda, permanece sendo usada de todas as formas possíveis até os dias de hoje, e com um desenho ainda praticamente idêntico ao seu, digamos assim, modelo original? Quem pensou no prego - sim, no prosaico prego - acertou. Pois esse singelo item, do qual só sentimos falta quando precisamos pregar alguma coisa (e quando também percebemos, então, a sua utilidade, de resto tão patente que ele até "ganhou" um verbo próprio), já era usado na Mesopotâmia, há longínquos 5 mil anos. Claro que não se conhece o inventor desse que pode ser considerado o príncipe das ferragens (o rei, sem dúvida, é o bem mais sofisticado parafuso). Como a roda, ele foi sendo desenvolvido aos poucos, pelo uso e pelas novas necessidades que iam surgindo. Sabe-se apenas que já nasceu sendo utilizado na fabricação de casas, de móveis e de toda sorte de objetos cotidianos. Embora o seu desenho fosse basicamente o mesmo do prego contemporâneo, originalmente ele não era feito de metal, mas sim de madeiras duríssimas, como o pau-ferro. Só no antigo Egito, por volta de 3.400 a.C, o prego passou a ser fabricado em bronze. Posteriormente, seriam fabricados com ligas diversas de ferro em toda a área do Mar Mediterrâneo, adquirindo cada vez maior resistência e eficácia. Os grandes difusores dos pregos foram os exércitos romanos, que os levavam em enormes quantidades em suas andanças e conquistas pela Europa, África e Ásia. Os romanos, aliás, até inseriram o prego na Bíblia: Jesus Cristo foi pregado na cruz. Deve-se também à Roma a invenção do martelo na sua concepção clássica - esse parceiro indissociável do prego era, originalmente, nada mais do que uma pedra especial cortada para essa finalidade. Os romanos criaram inclusive o martelo de unha, ainda muito utilizado por carpinteiros e construtores, por possuir a capacidade de inserir e remover os pregos. Os pregos na Antiguidade eram fabricados a mão, e um de cada vez. Por isso, eles eram caríssimos, o que de qualquer modo não impediu a sua disseminação. Incrivelmente, essa situação só começaria a mudar no século 18, no começo da Revolução Industrial, na Inglaterra e nos Estados Unidos. ERA DA MÁQUINA - Coube principalmente ao engenheiro americano Jacob Perkins o mérito de ter "democratizado" a fabricação de pregos. Em 1795, ele criou uma máquina para cortar e pôr cabeças em pregos em uma única operação. Com essa nova forma de produção, era possível fabricar cerca de 140 mil pregos por semana. A crescente oferta de pregos no mercado fez com que os preços literalmente desabassem: em poucas décadas, o preço dos pregos caíram 70%. Mas Perkins, infelizmente, pouco lucrou com a sua invenção. Montou a sua própria fábrica, mas alguns fabricantes de pregos mais capitalizados conseguiram com certa facilidade construir máquinas semelhantes à sua, e dominar o mercado. De qualquer forma, a grande demanda na produção de pregos e a queda do seu preço interferiram enormemente na redução dos custos das construções e contribuíram muito para a expansão da própria Revolução Industrial. Esse mérito, de Jacob Perkins ninguém tira. Desde então, a evolução dos pregos se deu tanto em termos de desenho (os romanos os produziam em forma de "L") como de variedades de tamanho e funcionalidades. A principal evolução deu-se na universalização do seu formato - hoje, todos eles são divididos em três partes, cabeça, corpo e ponta - que apresenta considerável eficiência por possuir uma boa distribuição de pressão. De fato, a força exercida pelo impacto de um martelo sobre a cabeça de um prego é distribuída por uma área muito maior que a da outra extremidade do objeto, a ponta, aplicando-se assim uma pressão relativamente maior sobre a superfície a ser perfurada que a pressão recebida do martelo. Também passaram a existir inúmeros tipos de pregos, de inúmeros tamanhos, com cada tipo tendo o seu processo de fabricação próprio. Um prego comum, de cabeça simples, é feito normalmente de uma liga trefilada de aço, cromo, níquel, molibdênio e vanádio, que vem da siderúrgica em forma de bobinas de fios já no diâmetro do corpo do prego. A produção do prego propriamente dito é relativamente simples, pois ele não recebe tratamento térmico após a sua construção mecânica. As máquinas modernas conseguem fazer milhares de pregos por hora (as quantidades exatas dependem do tamanho do prego) e lembram metralhadoras em ação: só se vê o fio entrando e os pregos sendo cuspidos do outro lado, pois, por razões de segurança, a cabine de fabricação da máquina é fechada. A evolução dos pregos implicou também na diversificação dos materiais com os quais eles são fabricados. Embora hoje os pregos sejam produzidos preferencialmente com ligas metálicas à base de aço, há também pregos de vários outros materiais. Assim, estão à disposição do mercado pregos para as mais diferentes aplicações especiais, e que são indicadas para obras em regiões próximas ao mar ou desertos, projetos de construção naval e para a indústria de transformação. Os principais materiais "alternativos" são a aço inoxidável, a madeira, os plásticos e outros produtos sintéticos, o cobre, o latão e o alumínio. (Alberto Mawakdiye)


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